Incrível a capacidade "humana" e cultural que temos em reduzir o indivíduo com base em apenas alguns aspectos, como gênero, profissão, naturalidade, origem, raça, nível cultural e/ou socioeconômico, orientação sexual, um aspecto físico, mental ou intelectual ou mesmo um simples ato, ignorando completamente todas as outras dimensões e complexidade com que elas interagem e compõem o ser.
Aliás, na verdade desindividualizamos o sujeito, fazendo generalizações, deduções simplistas e equivocadas a partir de um único ponto ou de uma quantidade ínfima de aspectos que acabam por estigmatizar e criar estereótipos, limitando o conhecimento mais aprofundado da verdadeira essência do indivíduo e de como ele se constrói e se modifica diante das diversas circunstâncias e processos que ocorrem ao longo da vida.
As pessoas deixam de ser João, Maria, Antônio, Suzana, Guilherme ou Carina, perdem sua identidade, para serem simplesmente homens ou mulheres, executivos, garis, nutricionistas ou médicos, brasileiros ou norte-americanos, brancos, negros, asiáticos ou índios, alfabetizados, graduados em nível superior ou analfabetos, ricos, pobres, miseráveis ou milionários, com esse ou aquele carro ou casa, heterossexual, gay, transsexual ou travesti, ou aquele que tem o cabelo assim, assado, dentes diferentes, nariz mais empinado, ou que mentiu, que traiu, que riu, que joga cartas, pratica artes marciais ou que tentou suicídio.
Dessa forma, nos distanciamos cada vez mais da compreensão desses quebra-cabeças os quais sempre faltam peças para serem completados e sempre as formas das peças já existentes são modificadas impossibilitando que uma peça que poderia se encaixar antes, continue sendo compatível.
Obviamente, foi apenas uma exemplificação simplista e pobre, pois daria para passar anos pontuando outras questões e exemplos...
Lamentável, pois a riqueza humana deveria estar exatamente nessa complexidade e diversidade que fazem de cada um de nós seres únicos, imprevisíveis, especiais, indescritíveis e, principalmente, irrotuláveis!
