sábado, 9 de novembro de 2013

A relatividade da vida...


Engraçado como muitas vezes nós ou pessoas ao nosso redor estamos tão convictos de determinadas coisas, apesar de praticamente tudo em nossa vida, conhecimento e experiências mostrarem que tudo é relativo, dinâmico e dependente de um referencial...

Quantas e quantas questões científicas não foram, continuam ou serão rebatidas, ajustadas, constestadas, reafirmadas??? Algumas vezes, até mais de uma vez... Como ocorreu em relação ao ovo, ao café, ao centro do universo, a diversas ideologias, a determinadas crenças...

O mundo avança, o conhecimento acompanha... Às vezes regride.... Mas não no sentido negativo da palavra, mas na demonstração de que tudo é transitório e influenciado por diversos aspectos, inclusive o contexto... E mesmo que uma idéia "regrida", ela estará inserida em um contexto completamente diferente, não sendo mais a mesma!

Para um credor, a dívida é excelente... Já para o endividado.... Um avião, de longe, pode ser até invisível, de perto... Para quem vive momentos felizes, o tempo parece voar quando sua rotina volta à tona, mas para quem tá entediado, parece nem sair do lugar... Para quem estava desnutrido, ganhar peso é saudável.... Para quem já estava acima do peso... Aliás, peso, felicidade, tamanho
etc, apesar de muitas padronizações com base científica ou empírica, tabém podem se relativizar no conceito subjetivo...  Assim como beleza, inteligência.... O que é belo pra mim pode não ser para você...

Enfim, tudo é relativo e isso vai depender do momento, do contexto, do nosso conhecimento até então, do nosso estado de espírito, de outras pessoas, do ambiente, de nosso passado, vivências, experiências, relacionamentos, interações etc etc etc

É isso que enriquece a vida...  E as novas vivências e descobertas jamais poderão destruir as primeiras, por mais absurdas que nos pareçam hoje, pois se tivéssemos sido influenciados pelas mesmas coisas e vivenciado da mesma forma as experiências que outros viveram, provavelmente acharíamos nossas idéias atuais absurdas e não o contrário.

Por isso, prefira ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, pois é relativizando que conseguimos seguir, nos refazer, nos reconstruir e nos permitir uma vida mais feliz e condizente com cada nova situação e circunstância a que estamos expostos, pois "nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia" e "não se pode banhar-se duas vezes no mesmo rio"... Tanto o rio quanto você já não serão mais os mesmos... E soluções ou resultados passados podem não mais ocorrerem no presente ou no futuro...

Assim, jamais generalize, jamais simplifique, aapenas viva cada momento como único e reflita sobre as adequações de suas idéias e atitudes conforme cada nova circunstância sem jamais temer reconhecer que não detém verdades absolutas, pois tudo é relativo...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Igualdade de gênero?

Muito se fala por aí em igualdade de gênero... Mas, ao mesmo tempo, é inegável a existência de diferenças anatômicas, fisiológicas, genéticas, psíquicas, culturais, sociais etc que se estabeleceu, se determinou, se concebeu ou se convencionou, a partir de uma maioria, a definir como masculino ou feminino.  Infelizmente, como tudo pré-estabelecido ou pré-concebido, aí mora um grande perigo...

Felizmente, não somos iguais. Há a necessidade de se classificar determinadas coisas para os fins mais diversos: definições, facilitação na comunicação, estudos epidemiológicos, sínteses, agrupamentos etc etc etc. Assim que somos classificados quanto à nossa faixa etária, grupo religioso, etnia, grupo sanguíneo, cor de cabelo, tamanho, biotipo, classe social, origem, família, estilos musicais que curtimos etc etc etc. Bem verdade, apesar de muitas coisas negativas que vêm com as classificações, elas são úteis e imprescindíveis. Na verdade, elas em si não representam nenhum mal, mas quando viram estereótipos e são usadas para discriminações mais que meramente classificatórias, implicando em exclusão e pré-conceitos, aí o bicho pega...

E é assim que ocorre com os gêneros. Determinou-se a existência de 2: masculino e feminino. E aí, foram-se englobando características comuns a cada um deles. Indivíduo XX, com grandes lábios, clitoris, vagna, utero, ovarios, com predominio de hormonios estrógenos, seios, curvas, voz aguda, pele macia, que devem brincar de boneca, vestir rosa, ser mãe, submisso, se depilar, pintar a unha etc será considerado do sexo feminino. Indivíduo XY, com testículos, pênis, próstata, vesículas seminais, com predominio de testoterona, pelos em grande quantidade, musculos avantajados, voz grave, pele àspera, que devem brincar de carrinho, vestir azul, ser o provedor, o mandante etc será considerado do sexo masculino. Fora que sexo masculino só pode se relacionar com o feminino, porque a sociedade (dependendo de qual) assim determinou! E deve seguir tal religião e ai de quem não tiver religião ou não acreditar no que os outros que se acham ditadores das lógicas sociais crêem! 

Só que as pessoas se esquecem que todos somos únicos. E podemos não preencher a todos os quesitos pré-estabelecidos pelos estereótipos criados. Nem a própria genética fica isenta disso. Assim, uma pessoa XX pode apresentar-se com o restantes das características ditas masculinas e viver sem saber disso... O que mostra que determinadas coisas em nossa vida não são tão importantes assim. E o que diremos dos hermafroditas? 

As características estão aí para serem combinadas das mais diversas formas, pois são independentes... Podem ter uma relação, se associar, mas em grande parte, também podem ocorrer de forma independente... Assim, biológico, psíquico, social e cultural e cada uma das coisas que os compõem interagem entre si de diversas formas. E um indivíduo XX pode ter um pênis e gostar de brincar de carrinho, mas tb pode ter uma vagina e tb gostar de brincar de carrinho. Não é isso que determina quem somos, nossa personalidade, nosso caráter, mesmo que haja influência... Isso me lembra o determinismo e o possibilismo que vemos em Geografia... Coisas podem influenciar, mas não determinam... Especialmente quando falamos de seres humanos...

Não somos uma receita pronta. Vamos acrescentando e retirando ingredientes no decorrer de nossos dias ou alterando suas quantidades. Algumas coisas estão fora de nosso controle, outras vão sendo moldadas, conforme nós mesmos e, muitas vezes, conforme o que os outros esperam... Só que não deveria haver o que esperar, pois ninguém é igual a ninguém. Se somos intolerantes com aqueles que não atendem às nossas expectativas, precisamos rever se o problema está neles ou na gente... Ou, se na verdade, não há problemas... Mas sim uma vasta possibilidade de construção de seres humanos que se acrescentem, se complementem e desmistifique a cultura de massa sem graça, óbvia e monótona tão enraizada em nossa mente.

PS: Obviamente entendo que a expressão "igualdade de gêneros" refere-se à igualdade de direitos pelo histórico de inferiorização do dito sexo feminino durante o processo histórico de nossa sociedade, mas inclusive, a proposta do texto é  também refletir sobre o uso da própria expressão...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

E viveram felizes para sempre...


E essa costuma ser a frase utilizada para finalizar histórias de ficção e, geralmente, envolve o final feliz de um casal, que em uma espécie de demonstração da concretização da frase, terminam se casando. E eis que a história "acaba". Mas será que depois dessa circunstância que tende a supostamente ratificar o "e viveram felizes para sempre" realmente houve/haverá felicidade eterna?

Recentemente, com a virada do ano, expus algumas reflexões a algumas pessoas sobre o quão inviável seria uma vida só de felicidades. E isso independe se você está só ou acompanhado. É impossível uma vida plenamente feliz da maneira como as pessoas costumam conceber felicidade! A menos que as pessoas compreendam que felicidade não está em não ter problemas, passar por dificuldades e sofrimentos, mas sim em conseguir lidar com isso de maneira harmônica, saudável e eficaz, a felicidade será sempre um bem maior a se alcançar e isso até pode ser saudável, pois o homem sempre terá uma motivação para continuar se inspirando. Mas aonde eu quero chegar não é bem nisso...

Culturalmente, nos foi imposta a idéia de que para tudo fiar bem, basta um simples, pontual, transitório ato: o casamento. As pessoas se relacionam diariamente, trocam experiências diariamente, divertem-se, sofrem, compartilham, brigam, alegram-se, entristecem-se por toda uma vida só e conjugada e parece que para tudo dar certo no fim, precisa ter a tal oficialização!

Nas novelas, sempre nos últimos capítulos, têm os casamentos mais esperados. Entre os mocinhos e as mocinhas (como se o fato de os vilões não se casarem fossem o castigo para eles). Mas será que realmente tudo ocorre bem após o “eu vos declaro, marido e mulher” (claro, não estou desconsiderando uniões civis nem tampouco as menos convencionais, como entre pessoas do mesmo sexo)? Infelizmente, pelas telinhas, nunca saberemos, á que o fim da história é justamente o matrimônio. Mas, por minhas observações na vida real, vejo que é justamente o começo... O começo de uma nova vida. Seguindo os habituais e tradicionais passos, as pessoas deixam de morar separadas (o que já vem mudando), para conviver com a pessoa. E aí surgem novidades... As pessoas se conhecem mais, inclusive conhece melhor os defeitos uns dos outros (e também melhor as qualidades, mas que, pra variar, acabam indo pra escanteio quando os defeitos aparecem). Em alguns casos, vêm os filhos, o aumento das responsabilidades, dos encontros cara a cara, das expectativas nutridas ao longo de uma vida (e em grande parte, socialmente/culturalmente, plantadas e regadas). E, como as pessoas não esperavam por isso, pois achavam que a união oficial concretizaria o “e viveram felizes para sempre”, acabam se desesperando, se angustiando. Alguns optam por divórcio. Outros preferem tentar para não desmanchar sua imagem frente à sociedade. Outros simplesmente se acomodam. Enfim, a variedade de comportamentos em resposta ao não imaginado reflete a diversidade de variáveis envolvidas, inclusive as personalidades, desejos, receios, faltas de interesse e aspectos sociais culturalmente aceitos.

Assim, é como se o castelo que foi sendo construído desabasse e algumas pessoas chegam a se sentir culpadas, não entendendo que as pessoas mudam, principalmente quando circunstâncias mudam. Ou, ao menos, mudam a forma como se mostram. Não que elas quisessem esconder algo, mas naturalmente algumas características só se sobressaem em determinados contextos.
Isso me faz lembrar uma reflexão antiga que eu tinha em relação à escola. Na escola (assim como no trabalho), momento em que costumamos passar a maior parte de uma das fases de nossa vida, coincide também com as rixas, rivalidades, etc etc etc, pois os colegas chegam a te conhecer melhor do que seus próprios pais, às vezes, já que é com quem você mais convive e, consequentemente, expressa mais a essência de sua personalidade, até porque você tende a acabar enfrentando muito mais situações diversas onde você passa a maior parte do seu tempo do que onde você praticamente só come e dorme. Se algum colega seu expor uma característica sua, é capaz de sua família dizer que não se trata de você, que é uma pessoa estranha, que nunca notou isso em você. E isso não ocorre só com características negativas, mas também positivas. E, nesse caso, é ainda pior, pois membros da própria família se conhecem menos e nutrem menos afeto e amor sinceros do que amigos de escola/trabalho.

Às vezes, não é só a família que está de fora, mas também o companheiro sentimental. E eles só vão perceber que muita coisa um do outro se deixou passar no tempo em que se relacionaram quando passam a conviver mais um com o outro e podem acabar descobrindo que “e viveram felizes para sempre” é uma lenda.

Temos responsabilidade por nossos atos, expectativas, exposições completas de nossas personalidades, qualidades e defeitos, mas não podemos negar a influência social e circunstancial a que tudo isto está submetido.

Não importa se uma união é oficial ou não perante a Igreja, o cartório ou a sociedade (mesmo cada um desses tendo sua importância a depender do contexto e da pessoa), mas sim que ela exista de fato! E que, a partir dela, um conheça ao outro e, juntos possam compartilhar angústias, sofrimentos, sucessos e alegrias e um ajude ao outro a ressignificar o sentido de felicidade. E não é preciso conhecer um ao outro plenamente, até porque nem nós mesmos somos capazes disso e cada dia é um dia e tudo pode mudar. O interessante, é ir conhecendo a cada dia e as reconstruções que o outro é capaz de fazer diante das diversas situações que vão se impondo. E, se um dia, descobrirem que estão indo para caminhos muito distintos e não dá mais para sustentar a relação, não terem medo de continuar de uma outra forma, mesmo que separados, mas sempre buscando, de fato, viver feliz para sempre, mesmo que, para isso, seja necessário reinventar o significado de felicidade...