sábado, 23 de maio de 2009

Estresse desnecessário

Hoje, mais uma vez, presenciei cenas lastimáveis devido a uma discussão “inútil“ que envolvia religião.

Na minha concepção, qualquer discussão sobre qualquer assunto é válida e enriquecedora, desde que todos os envolvidos ouçam e possam expressar suas opiniões. Infelizmente, nossa sociedade mostra que aquele dito popular “Futebol, Política e Religião não se discute“ é verdadeiro. São três temáticas que alienam as pessoas a ponto de formarem pontos de vista tão fortes e inflexíveis que qualquer coisa que seja dita contra eles, por mais fundamentada que seja, vira motivo de briga ou, na melhor das hipóteses, não é levada em consideração.
Embora eu não conheça a fundo a situação que ocorreu hoje, não podendo, portanto, analisar o caso de melhor maneira, acho esse post válido, pois abordará aspectos de muitos casos reais, lamentavelmente, frequentes.

Geralmente, tudo começa do “acaso“. Está rolando uma conversa pacífica sobre determinado assunto, daí, enfocando-se a religião, alguém coloca um ponto de vista religioso na conversa e, claro, na maioria das vezes, os envolvidos na conversa apresentam difrentes (des)crenças. Então, a conversa aparentemente inofensiva ganha proporções imensas, muito maiores do que as que deveriam ter, partindo-se pra baixaria, muitas vezes. Alguém vai dizer que não é bem assim, se sentindo ofendido e dizendo o que é o certo (pra ele, claro). Mesmo que se peça desculpas depois (fato muito raro), a relação entre os envolvidos dificilmente será a mesma.. Sempre vai haver um rancor, uma rixa ou qualquer outro sentimento negativo em relação ao outro. (Aliás, acho que cabe uma observação interessante aqui: geralmente as religiões pregam sentimentos positivos pelo próximo, mas quando cada um vai defender a sua, é raro se respeitar o outro e comum cultivar sentimentos ruins em relação àqueles que não apresentam a mesma crença. Paradoxal, não?)

Tomar as dores alheias em uma situação dessas não é recomendado. Seria interessante que quem estivesse de fora tentasse acalmar os mais exaltados e não entrasse na briga colocando mais lenha na fogueira.

No final, todo mundo sai com raiva, no mínimo, chateado, vai fazer fofoca com os amigos, fazendo a caveira do outro e instigando a raiva dos companheiros também, quem tá de fora avalia a situação a partir da história que ouviu (que, óbvio, é favorável a quem contou), ninguém leva em consideração o que o outro fallou, ninguém muda de opinião, não se chega a uam verdade absoluta... Enfim, a única coisa que uma discussão dessas produz é um abalo desnecessário no sistema nervoso.

Por isso eu não tenho uma religião definida... Tiro um pouco do que conheço de cada uma, de acordo com meus princípios e opiniões e crio minha própria crença. Mas não é por isso que eu vou sair dizendo que essa é a forma correta de se agir ou impondo meu ponto de vista em relação a isso. Afinal, as outras opiniões também devem ser respeitadas... Não há certo ou errado. Há a crença que te faz bem e aquilo que você faz pra ser feliz. O que não pode é ser feliz às custas da infelicidade e da humilhação alheia.

Também evito ao máximo discutir com quem não se propõe a ouvir e tiro meiu time de campo quando a situção começa a pegar fogo, como fiz hoje.

Bom... Se religião é formada basicamente por aspectos que não se podem provar, acho completamente desnessário estender uma discussão que pode levar a desavenças e inimizades, abalando as estruturas de uma amizade, que antes era saudável e produtiva.

Poupemos nossos nervos e façamos o bem ao outro, ao invés de tentar convencê-lo de que ele está errado e nós somos os detentores da verdade. Na verdade, fazer o bem é uma opção. A idéia é só ressaltar que existem outras coisas melhores e úteis a se fazer.

Sabemos que cada um tem uma crença particular. Não precisamos ficar questionando-a quando se sabe que nada do que dissermos será ouvido... Não gastem saliva à toa... Seu coração agradece.

Mas é claro.. essa é mais uma opinião minha... Você tem todo o direito de não concordar. E eu vou respeitar sua opinião e, posso até aceitá-la se você me apresentar argumentos plausíveis.

Fica aí uma célebre frase de Voltaire pra reflexão:

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."

PS: Muito do que foi dito é válido para outros temas, como Fuutebol e Política, fazendo-se as devidas adequações.

sábado, 2 de maio de 2009

Imprensa: liberdade ou excesso?

No dia 21/04/2009, por azar meu, estava passando diante dos meus olhos mais uma lamentável cena da tv brasileira... Não... Não me refiro (somente) ao óbito que ocorreu, mas à falta de respeito dos repórteres e, o pior, o reforço dessa atitude por parte do apresentador.


O programa era Balanço Geral com aquele apresentador Varela, que só sabe fazer zoada, alarde, condenar o governo e ficar se achando, porque, infelizmente, o povo parece adorá-lo, já que ele dá oportunidade pras pessoas terem seus 5 minutos de fama e vocês sabem que o povão adora aparecer, além de iludir as pessoas fazendo parecer que suas vidas vão melhorar porque ele berra, dá cartão vermelho a alguns fatos e vai nos bairros mais periféricos ouvir as queixas da população. Infelizmente, os mais leigos (e até alguns não tão leigos assim) acabam por serem alienados por esse tipo de programa, que, aliás, tem se multiplicado pela região... Já não bastam as imitações de Datena, agora os apresentadores brigam pra ver quem grita mais e quem consegue passar mais tempo enrolando o telespectador... São 85% da programação voltada pra notícia principal do dia (não.. não é mostrando a notícia.. é só fazendo o suspense mesmo... para, no final do programa, passar a notícia, na íntegra, em 3 minutos), além de brincadeiras, propagandas, puxa-saquismos e música brega. O resto é onde se encontram realmente as notícias.

Tá.. Eu sei que suspense e propagandas fazem parte.. Afinal, é isso que segura a audiência e patrocina o programa, mas poxa... Onde foi parar nosso jornalismo?! Algo que deveria ser sério.. E nem precisaria ser tão sério assim.. O Jornal Hoje, por exemplo, consegue noticiar, ao mesmo tempo em que os apresentadores comentam e ateh se divertem com algumas notícias. Não estou querendo comparar exatamente, muito menos dizer que o Jornal Hoje deveria ser exemplo pros demais telejornais por ser modelo de perfeição. Só estou tentando mostrar que é possível fazer jornalismo sério com um certo grau de descontração e, acima de tudo, sem perfurar os tímpanos dos telespectadores.

Mas depois de tanto devanear, vamos voltar ao motivo da minha indignação que me levou a estar escrevendo aqui... Na data mencionada no início desse post, um repórter estava no HGE (Hospital Geral do Estado) falando sobre a precariedade do serviço público de saúde e bla bla bla. Daí, tentou parar uma pessoa e filmar a mãe, que estava passando em uma maca e tal, mas a pessoa estava nervosa e, se houve agressão, foi verbal... Bom... Mas aí vem: acho que é meio óbvio que uma pessoa que esteja procurando o serviço de um hospital e esteja nervoso, se encontre em uma situação delicada. Mas claro que, em nome da liberdade de imprensa, o repórter acha que pode passar por cima do sofrimento alheio e volta a importunar o cara e a família... Depois de algum tempo, descobriu-se que a mãe do rapaz tinha falecido. Por isso, ele não queria expor o corpo da mãe...

Durante toda a confusão, o cara apenas gritou de raiva e o repórter chegou a xingá-lo, querendo ter direito. Bom, se pela lei ele tinha ou não direito, eu não sei, mas acho que o respeito ao outro vem acima de tudo.

Mas até aí, é até "compreensível"... O repórter ainda não sabia da morte da mãe do cara... O pior foi quando o apresentador (Varela) quis defender sua equipe de reportagem, mesmo depois de saber o motivo do nervosismo do rapaz... Daí, parece que resolveram tirar um pouquinho o repórter de cena, pq realmente tava pegando mal pra ele ele ter xingado o cara que queria proteger sua mãe falecida...

Eis que surge uma repórter, que, aparentemente, era sensata... A princípio, ela parecia concordar que a equipe de reportagem ultrapassou um pouco os limites do tolerável, mas quando Varela pediu que ela confirmasse q o cara tinha agredido a equipe e outras coisas que sugerissem que ele estivesse errado, acho que a mulher ficou com medo de perder o emprego e concordou ¬¬

Nessas horas que eu reflito sobre o que Cajuru disse uma vez em uma entrevista... Sobre ele ter sido demitido de uma emissora por se recusar a fazer uma propaganda, já que ele considerava que seria meio sem sentido e uma atitude de mau-gosto com seu público ele estar noticiando um fato lamentável e, logo em seguida, exibindo um produuto com a maior cara de felicidade.

Eu não vejo nada de mal na liberdade de imprensa, desde que não passe por cima dos sentimentos dos outros. A atitude do apresentador deveria ser a de se desculpar não a de defender sua equipe apenas para que o povo continue apoiando seu programa. O povo também sabe reconhecer atos humanos e de respeito. Além disso, o repórter poderia ter mudado o foco, procurado outra pessoa pra filmar, ao invés de ficar atacando o cara e explorando o assunto em favor do programa. A família da falecida teve que enfrentar o sofrimento da perda e ainda a insistência (e fallta de educação) de uma equipe que não sabe respeitar a dor alheia e queria explorá-la pra ter notícia e audiência. Espero que a família tenha relevado e superado, pelo menos, os problemas com a equipe de reportagem, porque a perda que eles tiveram talvez nunca seja superada.


Cartão vermelho pra vc, Raimundo Varela!


É isso...


Até a próxima!